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junho 27, 2025 by 


A Carta Que Mudou Minha Vida

Durante toda a minha infância, existia um silêncio em casa que ninguém ousava quebrar. Um silêncio sobre o meu pai.

Minha mãe sempre desviava o olhar quando eu perguntava sobre ele. Tudo o que eu sabia era que ele tinha ido embora antes de eu nascer. Cresci com esse vazio — um espaço que nenhuma explicação preenchia.

Aos 19 anos, num dia comum de faxina, subi ao sótão da nossa casa em busca de umas caixas velhas. Entre papéis antigos e lembranças empoeiradas, encontrei uma caixa de madeira com meu nome escrito à mão: Ester.

Abri com cuidado. Dentro, havia uma carta amarelada e uma Bíblia com a capa gasta e cheia de anotações. Meus olhos se encheram de lágrimas ao reconhecer o remetente da carta: meu pai.

Na carta, ele contava que havia sido preso por decisões erradas na juventude. Foi na prisão que ele conheceu um missionário que lhe falou sobre Jesus. Disse que recebeu uma Bíblia e, ao lê-la, pela primeira vez sentiu o que era paz. Naquelas páginas, ele encontrou perdão, redenção e uma nova vida — mesmo sem poder sair dali.

“Filha,” ele escreveu, “meu maior arrependimento é não ter estado ao seu lado. Mas meu maior desejo é que você conheça o Deus que me deu uma nova chance, mesmo no meu pior momento. Esta Bíblia foi minha companhia. Ela é agora sua. E se você permitir, ela também vai mudar a sua vida.”

Fechei a carta com as mãos trêmulas. Comecei a ler aquela Bíblia naquela mesma noite. Cada versículo marcado por ele parecia uma conversa entre pai e filha. Em especial, um versículo ficou gravado em mim:

“Ainda que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor me acolherá.” – Salmos 27:10

A dor da ausência foi sendo transformada pela presença de Deus. Descobri um Pai que nunca me deixou, mesmo quando eu não O conhecia.

A partir daquele dia, comecei a compartilhar essa história na igreja. Montei um grupo de leitura bíblica na minha cidade para jovens que, assim como eu, se sentiam perdidos. O que era uma dor solitária se transformou em um testemunho poderoso.

Hoje, olho para trás e vejo que uma carta e uma Bíblia mudaram tudo. Não só encontrei meu pai nas palavras que ele deixou, mas encontrei meu Pai Celestial, que jamais me abandona.


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